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sábado, 2 de maio de 2015

Raid'oVento "REVISITED" # I

Por trilhos do meu quintal. De Porto Salvo a Sintra, ida e volta, novamente!

Quando acordei no Sábado seguinte ao dia do Trabalhador, tinha ainda na memória o "Raid'oVento".
Passeio por mim preparado para os meus amigos Santamaltenses, onde o empeno foi proporcional à ventania e sobre o qual já escrevi umas linhas há uns dias atrás;

Na realidade, ao deitar o olho ao panorama sobre a serra, assim que acordei, deu para adivinhar uma jornada bem mais tranquila e foi por isso com bons ânimos que, depois da missa matinal, fechei o portão da garagem e me fiz ao caminho que tinha pela frente.


O objectivo era treinar. E a moral estava para isso mesmo!
Posto isto, a escolha recaiu obrigatoriamente sobre o percurso do Raid "Raid'oVento". Um percurso com uma boa distância, um acumulado jeitoso, que conheço bem, e que tem a particularidade de me obrigar a alguma disciplina mental para não atalhar as rampas mais duras e evitar as subidas do final. Estes 70kms, cumprem uma boa passeata e são uma excelente base para medir progressos aqui do artista pedalante, no que toca aos treinos e seus resultados.

Desta feita, percorri a distância em 4H30 de pedal. Certas! Na totalidade demorei mais uma hora e dois minutos. As minhas paragens quando sozinho são sempre mais demoradas, tenho que confessar. São as fotos, é comer, é o cigui... Enfim...
Mas como o que me interessa é o tempo de pedal, ficou fácil para contrastar com o próximo sábado. E sendo que não efectuei nenhuma paragem por cansaço e apeei apenas no final da rampa acimentada de acesso à VOR, posso considerar que já noto nas pernas e condição a melhoria que procurava atravás do meu planito de treino.
Este dia foi um bom exemplo disso. Um percurso digno de uma maratona, com um total de subidas que supera os 1500m em 4 horas e meia é para mim um verdadeiro "achievement" conseguindo as tais médias na casa dos 16km/H...

Mas vamos por partes;
Arranquei de casa eram 08H00 rumo ao Mercado de Porto Salvo, onde teóricamente se inicia este Raid. Nem paro. Meto o GPS a zeros e sigo para a frente a todo o gás. Literalmente! Sentia-me bem e com força.
A segunda paragem, e uma das mais demoradas, faço-a sempre na Lagoa Azul. Desta vez não foi excepção. Chegar aqui cedinho a um Sábado dá direito a bilhete na primeira fila para assistir aos patos a lavarem os dentes, bico e penas, e ao concerto que a Mãe Natureza dá, quando ainda não há poluição sonora de outra espécie. Resumido, um festim para alma e sentidos.







Ah, mas ía-me esquecendo da paragem para o café matinal;
A primeira paragem do dia. E essa foi no mesmo café em Talaíde onde parei com a malta na volta anterior, e onde me vi olhado de cima por um individuo pequenino, inclusive na cabeça, que conheço embora ele não me conheça a mim, e que por ser dono de uma loja de bicicletas, deveria ter outro comportamento. Eu pelo menos acho falta de respeito toda a atitude de desdém, mas pronto, sou eu.

Agora, se me querem tirar a pinta, ao menos que me queiram comer! Tirar-me a pinta pelo que eu levo vestido ou piloto, é foleiro. Teve azar - depois de uma mirada mais atenta enquanto eu tragava o café cheio - que vestido eu, levava Assos da cabeça aos pés e pilotar, piloto uma bike de Ti que ele talvez gostasse de ter... 
Temos pena. Ou não! Aliás, fui uma vez em tempos à loja deste companheiro e não mais lá voltei, mesmo sendo quase à porta de casa. Afinal talvez não estivesse assim tão enganado.

Deverei no entanto voltar ao estaminé - à Taberna, entenda-se. 

Porque o senhor dono do mesmo é simpático, e por ser o único sítio aberto àquela hora... Mas isso não pesa na equação. Ou pesa menos(!)

Desde a Lagoa Azul até aos Capuchos é um tirinho, mas que consome alguma energia. Por isso voltei a parar na entrada para o que era o antigo "Single Maravilha" para papar mais uma banana e fumar o primeiro cigui da manhã. E que bem que me souberam ambos eheheheh



Os trilhos nesta zona estão todos destruídos pelos madeireiros, pelo que é seguir como se pode por entre detritos de ramos velhos, grandes, pequenos, arbustos e etc... Muitos etcs.
A determinada altura vejo um companheiro parado no meio do caminho. Na frente dele tinha uma enorme poça de lama que ocupava todo o trilho de duplo rodado e mais além. No meio dessa poça, vários ramos de vários tamanhos, arbustos e mais etcs. E ele estava parado, com a bicicleta no meio das pernas, a olhar para a lama como se estivesse a olhar a TV. Não sei se estava à procura de melhor caminho, ou na esperança de encontrar algum sitiozinho sem lama, não sei. Só sei que estava parado no meio do caminho. Eu cheguei, abrandei, apontei para a zona numa das bermas que me parecia mais seca e segui caminho, preparado para aquele enterranço ou da roda da frente ou da traseira. Não havia outra forma, mas afinal a crosta superficial nem partiu, sendo que nem sequer sujei as rodas. O rapaz seguiu pelo mesmo sitio que eu aposto, mas nem olhei para trás para confirmar (!)

Num ápice chego aos Capuchos e assim que o Convento fica para trás, começo imediatamente a desesperar com a ideia da subida aos Tholos do Monge. "Kaputa" de subida e mesmo sabendo que não a terei que fazer completa, tenho apenas que subir o troço mais duro e empinado, o inicial, e aquele que eu detesto.

Grrrrr Porque raio meti eu esta rampa no meio do track?
Pois, não sei...
Pergunto-me o mesmo sempre que estou de frente para ela (!).

Deste vez não desci da Peninha pelos singletracks mais técnicos. Andava outro género de madeireiros nessa encosta da serra. Desci pelo estradão e contornei parte da vertente Sul para começar a descer depois pelo lado da Pedra Amarela.



Sigo por alguns trilhos técnicos e outros mais fluidos na última parte da descida até à Barragem do Rio de Mula e num instante estou a deixar para trás os terrenos da Quinta do Pisão e que tenho que ultrapassar para chegar aos lados da Atrozela.



Da zona do Autódromo Fernanda Pires da Silva – que nome ridiculo...
Da zona do Autódromo do Estoril – bem melhor - restam poucas dificuldades, mas restam algumas. Nomeadamente a subida ao monte da VOR de Cascais e respectiva descida para Barrunchal. E foi precisamente num café deste lugar, Barrunchal, que fiz a mais demorada paragem. Estava cansado e desabafei-o à rapariga gira que me serviu mais um café.

Passava do meio-dia e eu parado a beber café, a meia dúzia de quilómetros de casa. Era sinónimo de entalão, mas ninguém ali desconfiou, além da rapariga gira.

A páginas tantas perguntei a um senhor que tinha vindo à porta – eu estava na esplanade – se ali passavam taxis. 

Não riu, não sorriu, só disse que se eu chamasse, que sim, não tinha porque não passar. 
Não me percebeu a ironia e eu tentei explicar. 
Ficámos na mesma. Não riu, não sorriu, desta vez nem nada disse.


Mas eu ri-me. Sozinho (!) E depois saquei a Selfie abaixo...



Esta cena aconteceu tipo 15 minutos depois de eu já ter acabado o café, cigui e ter muito pouca vontade de me mexer dali para fora! Tinha que me rir! Tinha que ir até casa ainda e não seria de Taxi. Mas estava cansadito e a apetecer-me um banhinho. Conforto portanto era o que eu precisava e não de mais uns quantos quilómetros que eu ainda por cima sabia ruins. 






Mas lá teve que ser e, afinal, a descida para a Lage e consequente subida pelos passadiços do Lagoas Park, subida aos antigos Moinhos de Vento do Bairro Auto-Construção e mais 500m de singletracks até ao Mercado de Porto Salvo foram super tranquilos de se fazer, com as perninhas a terem ainda Watts para debitar. Não muitos é verdade, mas os suficientes para manter bom ritmo!


De resumo, um treino porreiro, onde estreei uma nova Playlist no mp3 e em que curti à brava!

Os trilhos, as sensações, a música nova... Uma grande manhã de BTT que só teve um senão; Desde que substitui o meu antigo espigão de selim com recuo pelo Thomson que ainda não voltei a ficar perfeitamente confortável na bike. No final da volta voltou a doer-me a zona lombar. Teria mesmo que efectuar as alterações que já tinha em mente, mas que andava a adiar...
No domingo seguinte houve mais, mas com a Santa Malta no Quintal deles. E já com as tais alterações na bike concluídas.

Mais meia centena de quilómetros, com um ritmo mais endiabrado que o habitual e a relembrar um pouco o de outros tempos... Mas isso é crónica para outra posta!

Até lá,

Vemo-nos por aí!

EDIT: O track está na pasta "Tracks GPS"

Abraçorros,
Frederico Nunes "Froids"
@2015

2 comentários:

  1. Essas paragens dão cabo de ti pá! Toca a pedalar!!! :)

    Abraço

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  2. Já tinha saudades destas crónicas :) Belo entalão! Beijinhos :)

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